terça-feira, 27 de julho de 2010

SOBRE NOITES E DESISTÊNCIAS

Seria de prata o reluzente punhal
Vilmente cravado em minhas costas tão curtas
Habilmente manejado por mentes vetustas
Que em mim não encontram um feliz serviçal?

Aqueles que lado a lado, ombro a ombro,
Lutaram em busca de novos ares
Agora ocupam outros lugares
Que a eles ocupam e causam assombro.

Assombroso véu que oculta a vilania
Disfarçada de justiça, a injustiça graça
Não há democracia que esconda essa desgraça
Da vaidade torpe envolta em hipocrisia.

Não há solução que apagar faça
Da história o mal que angustia o peito
Pois a maldade herdada e o malefício feito
São como chagas no tempo de uma dor que não passa.

Não há longe um inimigo pior que o caseiro
De quem não se espera nada mais que um afago
Lágrima doída, golpe inesperado,
A ausência sentida de um "nobre cavalheiro".

Mas a tristeza cessa ao raiar do dia
E a decepção travestida de revolta aflora
Levanta-te agora homem, é hora!
A revolução não tarda - Tem em ti o guia!

As noites perdidas ficarão para trás
E a tristeza de outrora agora é poesia
A noite dos "companheiros" talvez não seja tão fria
Mas meu coração é quente e não desistirá jamais!

3 comentários:

Unknown disse...

Curiosidade. O que a teria inspirado? Sobre noites e "persistências"....

Grigório Rocha disse...

Minha inspiração foi a injustiça e também a descoberta de que a vaidade de alguns muitas vezes se sobrepõe à "suposta" ideologia ou ao "projeto" que dizem representar. Isso vale especialmente para os que ocupam o poder, mas na verdade é o poder que os ocupa.

Pinho Sannasc disse...

Um texto sui generis, que além de superar o que se estima da poética, apresenta-se de uma forma sucinta como uma injeção de ânimo para qualquer vivente. Eu diria que o texto grita como a letra da música “Pra Não dizer que não falei das flores”, cantada por Geraldo Vandré e nos encoraja coma o próprio título da música “E vamos à luta”, interpretada pelo saudoso Gonzaguinha.
O fato é que se tivesse que conceituar o poema na sua qualidade de obra-prima, fatalmente eu resumiria com uma única frase, “Não sei quanto aos mortais, sobretudo li, um autêntico Grigório Rocha”.
Saudações poéticas!