segunda-feira, 25 de novembro de 2013

BREVE ENSAIO SOBRE A IMORTALIDADE


Recebi com lágrimas o amaranto que me destes
Mas meu coração não pôde compreender
Quão profundo foi um dia este saber
E o peso escondido na beleza das tuas vestes.

Hoje ainda choro pelo que tuas pétalas me oferecem
Porque o vento tem o teu cheiro em todo lugar
E até as sombras projetadas pelo espectro lunar
Lembram que só devem recebê-la aqueles que a merecem.

Por isso ao jardim de onde não deverias ter saído
A devolverei quando chegar o amanhecer escolhido
Para que possas reaver tua inocência roubada.

Só então quando a flor retornar ao paraíso caído
Poderemos contemplar o amaranto escondido
No coração de quem foi por sua beleza libertada.

sábado, 27 de abril de 2013

SILÊNCIO



É no silêncio que rumino minhas vertigens
Ouvindo as culpas, pesando os sonhos
Tecendo o destino em pensamentos medonhos
Colhendo meus medos desde as origens

É no silêncio que os sentimentos gritam
Quando tudo se acomoda ou se enrijece
Mas é na feição, nesta boca que emudece,
Onde tantas interrogações ainda habitam

Que se esconde o desejo mais profundo
Onde as palavras somem, se vão,
Perdidas nas entranhas do mundo

Eu encontro uma adormecida emoção
Ao ver tu, minha estrela, brilhando ao fundo
Refletindo no meu olhar de constelação.

terça-feira, 16 de abril de 2013

DESTERRADO



Desterrado de mim mesmo, em longínquos céus
Encontrei-me vagando em terras de outrem, banido
Dos limites encobertos por distintos véus

Assim como um enigma que nunca se revela
Muros se erigem como fortalezas invisíveis
Cercando, imponentes, a insondável cidadela

E eu fico de fora assistindo, assim, calado
Com o sentimento de um pobre desterrado
Procurando o que estaria fora do lugar

Percebi então com minha pouca sutileza
Que minhas chaves não possuam nem um pouco de leveza
E não abrem mais as portas que ousava adentrar

Por isso agora sou um estrangeiro abandonado
Só avisto o solo seco no horizonte desolado
Onde florestas e alvos cumes costumava desbravar.