terça-feira, 29 de junho de 2010

TERRA DE NINGUÉM

Dê-me agora a parte que me toca
Desta terra fértil que te alimentas
Poucas mesas fartas e mil bocas sedentas
Pela angústia e injustiça que nos batem à porta.

As veias me saltam do braço dolorido
Que cultiva, ara e colhe teu sustento
Mas ao final do dia recebo em pagamento
Humilhação como a açoitar este lombo já sofrido.

Aquilo que Adão não lhe deixou em testamento
Tu tomas e usufrui como patrimônio seu
Mas se esta dádiva Deus nenhum lhe deu
Tu és um ladrão disfarçado e nojento.

A comida que te sobra e falta em minha mesa
Do chão que roubaste ela brota e aflora
É colhida por aqueles que tu vilmente explora
E que ainda condenas a morrer na pobreza.

A lágrima da criança de que falta o pão
Dos seus olhos vermelhos neste solo derrama
E o trabalho relegado à condição desumana
Avilta o homem, como um pai sem razão...

Em desespero não foge a mãe aos prantos
Ante à tristeza da fome que lhe ronda a vida
Reproduzindo à história uma prole desnutrida
Cujos frutos lhe foram tirados aos tantos

A tristeza do homem sem terra e sem vez
É o inverso da opulência do grileiro astuto
Que comemora a riqueza com um imenso charuto
Pois sobre os braços de outros sua fortuna se fez.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

CRIAÇÃO DE MUNDOS

O mundo pensado e criado
Não está pronto ou acabado.
É uma parábola estreita e esquisita
Embora possamos considerá-la infinita
Se olharmos cada lado dessa história.
E o mais estranho nisso tudo
É que em cada direção que se olha
Maior se torna a empreitada
Fazendo assim pensar se o mundo a criar
É mera função do olhar
Ou, antes de mais nada,
É uma propriedade desse humano,
Tão humano, apenas e demasiadamente.
Tragédia ou piada,
Entre o Tudo e o Nada,
O "Fiat Lux"!