No meu mundo não há nada de especial
Tudo aparece como um grande espetáculo
Como um outdoor de mim mesmo
Propagandeando ilusões sobre uma realidade bidimensional.
Feitos homéricos brilham aos olhos e se desfazem
Sucumbindo como um suporte exposto às intempéries
Cuja casca aos poucos se descola
E revela a opacidade e a dureza
À qual aderiu, tão provisoriamente.
Por isso, sou a réplica vazia de tudo que fui
Do sonho magistral que foi sem chegar a ser
Da paixão num palco cujos holofotes
Se apagam lentamente até o breu final
Sem palmas
Sem reverência
Sem continuação.