terça-feira, 29 de setembro de 2009

SEM PALAVRAS

Quão profunda pode ser a tristeza
Diante da incerteza da indiferença?
Seria o amor uma ponte desabando na travessia,
Constrangida por pingos d’água ou grãos de areia?
Ou seria, então, um punhal cravado no peito?
Onde estará a terra que sob os pés assentava?
Um delírio inócuo ou um vazio simbólico?
Desterritorializada ânsia do toque ausente,
Da gota de chuva que acariciava a face
Antes de imolado o sentimento no altar incompreendido.
Nenhuma terra à vista!
E o navio corre no oceano bravio
Acossado entre rochedos fúnebres.
A tempestade é o olhar que testemunha...
...sem destino aparente...
Sem destino...
Sem palavras...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

MANIFESTO

Belíssima poesia.

Muito forte, diria.

De uma dor intensa e sangüínea faria,

De um palhaço, triste melancolia.

Mas se da dor também nasce o belo

Independente dela traço o libelo

Que exorta meu coração a te amar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

FRATURA ENTRE PENSAR E SENTIR

Um pensador atônito descobre:
Cada dia mais pensar é sofrer
Um estar sendo de viver sem ser
Que o fenecer contemporâneo encobre.

Noites curtas e madrugadas longas
De um tempo que como um trem nos atropela
Sono ausente sem glória e sem vela
Condição tal que o entorpecimento prolonga.

Esse eterno presente contínuo
Hipertrofia de sentidos sem direção
Progresso que esmaga sem tino
Sem saída, um labirinto vão.

Rebelo-me com meu olhar perdido
Mesmo nesse oceano de incerteza
Arranco as flores mórbidas de sobre a mesa
Pois nem em sonho houvera confundido
A necessidade de ti, visceral princesa,
A certeza, entre as incertezas,
O sentimento, que no coração não será findo.



Poema dedicado a alguém muito especial, mas que não acredita nisso.