quinta-feira, 29 de março de 2012

FINITUDE

É sábia a natureza que a tudo põe fim
E à tristeza que acompanha, envelhece e desgasta
A cada hora, a cada passo, dentro de mim
Como construções na areia sob o vento que passa

As imagens e sombras de um rito ideal
Como um vinho encorpado que no tempo se perdeu
Sucumbem lentamente na engrenagem sepulcral
De uma repetição interminável que até as cinzas dissolveu

Pois que assim tudo encontra, enfim, sua finitude
Deixando aos que ficam e lutam, a ilusão
De encontrar, em algum veneno, a fonte da juventude

Mas a matéria desagrega e os laços se vão
Desprezando o esforço, se decompõe amiúde
Entre a ciência e a arte: vida, contradição.