domingo, 21 de junho de 2009

POESIA DO ABSURDO

Poetas do absurdo, cortem minhas entranhas.
Cumpram a função que lhes foi conferida.
A dor que sinto é a dor da morte.
É hora de destruir este mundo
Não há mais tempo a perder.
A cada hora que passa os vermes roem
Os pedaços e os restos deste velho mundo,
Que não é mais o reflexo dos nossos sonhos.
A ferrugem corrói toda essa estrutura
Montada pra fazer o que somos.
Lá fora o povo bate à porta.
Logo a derrubarão.
As almas infames e degeneradas infestarão o castelo.
Tome em sua mão a espada.
Ela cortará a sua mente e mostrará o caminho.
Agora eles consomem tudo.
Os degenerados entraram.
Estão percorrendo todo o interior do castelo.
Estão dormindo na minha cama,
Desvirginando as minhas filhas,
Emputecendo todo o ambiente,
Transformando o castelo num mausoléu.
Sinto por todo lugar um cheiro de sangue mofado,
Enxofre e ossos queimados.
Nada tão diferente da carne dos animais que comemos a todo dia,
Com seu sangue coagulado e seu gosto verde.
Olho para mim e tiro minhas vísceras.
Tome! Este é o teu presente!
As vísceras de um traidor,
De um renegado.
A minha cabeça eu ofereço a vocês, juízes,
Que serão sempre meus algozes.
Que querem de mim? Falem alto!
Desejo ouvir minha sentença e me declaro:
Culpado, culpado, culpado!

2 comentários:

Delirium disse...

O mundo não é o reflexo de nossos sonhos. Sonhos sustentam o mundo disfarçados de éter. Me parece que destruir o mundo e destruir os próprios sonhos consistem no mesmo ato. Poema forte.

D.

john disse...

Concordo com Delirium, mas devo acrescentar que cada sonho é um mundo em si, e portanto destruir seu mundo não fará o dos outros para de girar, entregar-se à derrota e declarar-se culpado, é somente o ato de admitir que não tem forças pra continuar e essa admissão é originada justamente pela falta de sonhos, ou excesso de pesadelos.
o homem que deixa de sonhar, deixou de viver um segundo antes.
gostei do poema , mas sinto nele uma prerrogativa de vassalagem, e eu como todo bom ariano, não "sirvo" para servir, e dificilmente me colocaria no lugar do personagem central do poema acima.
abraço