terça-feira, 15 de maio de 2012

PAPEL BRANCO


Papel branco, poeta calado
De sentimentos e sentidos tortos
Não emanam palavras de neurônios mortos
Nem da pena espremida pelo sono roubado.

Que há neste silêncio escondido?
Qual dor esta mudez segreda?
Dói aos olhos uma luz acesa
Dói a dor, o triste verso dolorido.

O segredo vem em comprimidos
Em pílulas de paraíso à mão
Cabeça, ombro, coluna e pressão
Destroços de membros, quebrados, torcidos.

Só não há remédio para este mundo
Para o poeta e sua pena triste
Não escrever sua história é a dor que persiste
Não ter, não ser, nunca chegar ao fundo...

E descobrir que sua pena não alcança o papel,
Que dele ri em sua palidez horrenda
E mesmo que o irrite, magoe e ofenda,
Diz que nunca serei de minha vida o menestrel.

Papel branco.
O poeta está calado.

Um comentário:

Marcio Neri disse...

Esses versos estão fantásticos.