quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
CHOVE EM MIM
Chove, verbo intransitivo,
Mas transitivo em meu coração.
Quando chove em mim
É essa angústia sem fim
Que aponta tanta contradição.
Fiz tudo que achei que quis,
Só não sei se quis.
Mas eu sou assim
Alegria prenhe de vazio
Triste por estar feliz.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
BREVE ENSAIO SOBRE A IMORTALIDADE
Recebi com lágrimas o amaranto que me destes
Mas meu coração não pôde compreender
Quão profundo foi um dia este saber
E o peso escondido na beleza das tuas vestes.
Hoje ainda choro pelo que tuas pétalas me oferecem
Porque o vento tem o teu cheiro em todo lugar
E até as sombras projetadas pelo espectro lunar
Lembram que só devem recebê-la aqueles que a merecem.
Por isso ao jardim de onde não deverias ter saído
A devolverei quando chegar o amanhecer escolhido
Para que possas reaver tua inocência roubada.
Só então quando a flor retornar ao paraíso caído
Poderemos contemplar o amaranto escondido
No coração de quem foi por sua beleza libertada.
sábado, 27 de abril de 2013
SILÊNCIO
É no silêncio que rumino minhas vertigens
Ouvindo as culpas, pesando os sonhos
Tecendo o destino em pensamentos medonhos
Colhendo meus medos desde as origens
É no silêncio que os sentimentos gritam
Quando tudo se acomoda ou se enrijece
Mas é na feição, nesta boca que emudece,
Onde tantas interrogações ainda habitam
Que se esconde o desejo mais profundo
Onde as palavras somem, se vão,
Perdidas nas entranhas do mundo
Eu encontro uma adormecida emoção
Ao ver tu, minha estrela, brilhando ao fundo
Refletindo no meu olhar de constelação.
terça-feira, 16 de abril de 2013
DESTERRADO
Desterrado de mim mesmo, em longínquos céus
Encontrei-me vagando em terras de outrem, banido
Dos limites encobertos por distintos véus
Assim como um enigma que nunca se revela
Muros se erigem como fortalezas invisíveis
Cercando, imponentes, a insondável cidadela
E eu fico de fora assistindo, assim, calado
Com o sentimento de um pobre desterrado
Procurando o que estaria fora do lugar
Percebi então com minha pouca sutileza
Que minhas chaves não possuam nem um pouco de leveza
E não abrem mais as portas que ousava adentrar
Por isso agora sou um estrangeiro abandonado
Só avisto o solo seco no horizonte desolado
Onde florestas e alvos cumes costumava desbravar.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
GEOGRAFIA
Esquadrinhando teu corpo, deslizando sigo
Tomando teus olhos como estrelas guias
Pelas estradas sinuosas das tuas cercanias
Nas quais me perco enquanto te persigo
Beijando nas tuas montanhas róseos cumes
Medindo suavemente os limites da tua vastidão
Caminho ritmado pelo palpitar do teu coração
Avançando pela planície lânguida até teus alvos
lumes
Então te viro do avesso e meu olhar avista
Entre dois montes penetrando o vale do desejo
Circundando grutas que ao adentrar me vejo
Provocando incêndios com uma simples faísca
Mas neste território amplo, meu domínio é
vasto
Estendendo-se até as florestas mais obscuras
Às paragens úmidas, onde se praticam loucuras
E repousam incólumes os troncos mais castos
Nestas matas de tuas terras que tenho
desbravado
Conhecendo deste chão cada palmo de tua pele
Não há no horizonte o que se esconda ou se revele
Onde minha bandeira não tremule em mastro
mais fincado
E assim te cercando como latifúndio, triste é
a agonia
Quando tenho que te deixar, mesmo que por um
instante
Pois como numa fantasia, o teu reino fica tão
distante,
Mas é nele onde o meu amor conhece sua
geografia.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
DOENTE
Meu coração chora
De tão apertado pelo ramo de espinhos
Que o sangra, dilacera, e pede a outra face.
Por isso meu peito dói,
Porque cada palavra afiada
No meu peito é cravada
Me fazendo ajoelhar
Porque minhas pernas não aguentam
Tremem como se não houvesse chão
Ou quisessem se desfazer
Diante do jardim
Onde as rosas são regadas com meu pranto,
Pelas lágrimas enfermas
Deste coração moribundo
Doente por te amar.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
PERPÉTUO DESPERTAR
Ontem abri os olhos e sonhei
Que no Sonhar o poder foi usurpado
Seu monarca havia sido destronado
E nele agora eu seria o rei.
Com um poder que jamais havia sonhado
Minha palavra, neste reino, agora era a lei
Então às criaturas da noite ordenei:
"Este mundo não será mais despertado!"
Qual a surpresa eu tive ao descobrir
Que num pesadelo infindável este mundo já vivia
Como sonâmbulo perambulando em eterna agonia
Num sono turbulento, definhando sem sentir.
Tal foi esta visão que ao final não suportei
E quebrei o círculo do mestre encarcerado
Mas ao despertar deste sonho amaldiçoado
Num pesadelo pior ainda me encontrei
Percebi, então, a cada novo despertar
A armadilha na qual eu me encontrava:
Era contra mim que a roda sempre girava
Tecendo o destino que jamais vou escapar.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
O CÁRCERE
Encontrei
lá fora um espelho e nele vi refletidas
As
paredes que não mais me cercam,
Mas
que continuam a se erguer diante dos meus olhos.
A
prisão continua dentro mim.
Nos
olhares percebo a vigilância
Como
se fossem torres nos muros invisíveis que ainda me rodeiam
Cercando
minha liberdade com sua vastidão:
As
muralhas são incontornáveis.
As
chagas sentidas em meu corpo
Doem
menos que a violência
De
continuar a ser prisioneiro
Desse
estigma que se tornou meu estandarte
Da
desesperança estampada em cada esquina do meu caminho.
Para
mim só restou a guerra
Que
cuspirei de volta pra ti.
Porque
para eles
O
cárcere continua
Dentro
de mim.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
TERRA PROMETIDA
Aquele que divide plantou sua semente no deserto
Onde a água é pouca, mas abunda intolerância
Donde brotam das colinas rios de ganância
E cujo amaldiçoado destino ninguém sabe ao certo.
Só aquele que é negado por todos entre os seus
Que nesta terra habitou por incontáveis gerações
Conhece a dor e o ódio que nestes vis corações
Crepitam em sua glória no fogo de Prometheus.
É aqui que ele reina, entre muros e lamentações,
Clamando aos seus servos, que lhe seguem aos milhões,
Por almas que lhe ofereçam em grande sacrifício
Pois nesta terra o divisor por três nomes é chamado
Três apelidos que lhe deram neste deserto desolado
Para a única função de ter a morte como ofício.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
SOMBRIA JORNADA
Difícil é a jornada e o seu retorno
inevitável
Da escuridão inefável para a luz perdida
D’onde tudo ocorreu e cessou a vida
Voltando por um caminho perigoso e
incontornável
Caminhei inseguro, tateando entre as brumas
Trazendo comigo, companheira, a solidão.
Erguendo os olhos úmidos avistei na imensidão
Uma revoada, que o místico luar cobria de
plumas
Dos pássaros que me guiavam, habilmente
encantados
Por entre as árvores e arbustos, para longe do
abismo
Ouvia seu canto inebriante, um tal melódico
malabarismo,
Que meus ouvidos o seguiam como se estivessem
enfeitiçados
Passei por vales e montanhas, cruzei o desfiladeiro
Quando no dourado horizonte o sol já apontava
Deixando para trás o luar que me encantava
E a paixão que me levara ao abismo, em
desespero.
Chegando exausto ao meu Destino, mas na hora
marcada
Recebi da Morte, em noivado, o seu último
beijo
Me concedeu, entretanto, como um último
desejo,
Uma aliança eterna. Sombrio fim de minha jornada!
quinta-feira, 26 de julho de 2012
MEU MUNDO
No meu mundo não há nada de especial
Tudo aparece como um grande espetáculo
Como um outdoor de mim mesmo
Propagandeando ilusões sobre uma realidade bidimensional.
Feitos homéricos brilham aos olhos e se desfazem
Sucumbindo como um suporte exposto às intempéries
Cuja casca aos poucos se descola
E revela a opacidade e a dureza
À qual aderiu, tão provisoriamente.
Por isso, sou a réplica vazia de tudo que fui
Do sonho magistral que foi sem chegar a ser
Da paixão num palco cujos holofotes
Se apagam lentamente até o breu final
Sem palmas
Sem reverência
Sem continuação.
terça-feira, 5 de junho de 2012
EXTEMPORÂNEO
A realidade é um museu de objetos
Datados, etiquetados e com validade vencida
À disposição, nos supermercados da vida,
De quem lhes atribua inúmeros afetos.
Submersos na sua abundância e efemeridade
Tornamos nossos até os rótulos de outrora
Então somos embalados e exibimos agora
O código de barras como nossa verdadeira identidade.
Epifenômeno que somos desse sistema “maquínico”
Num frenesi coletivo o transformamos em nosso algoz
Ao fazer criatura e criador se confundirem dentro de nós
Como se não conhecêssemos, dessa estrutura, o mínimo.
Mas nesta rapsódia será uma luz que se apaga
O fim certeiro que buscaremos como solução
Quando depender apenas do aperto de um botão
Algum de nós deve restar para puxar a tomada
E encerrar, finalmente, esse império da ilusão
E o fascínio que reluz no horizonte dessa estrada.
A máquina de guerra finalmente desligada.
A flor que foi esmagada enfim retorna ao coração.
terça-feira, 15 de maio de 2012
PAPEL BRANCO
Papel branco, poeta calado
De sentimentos e sentidos tortos
Não emanam palavras de neurônios mortos
Nem da pena espremida pelo sono roubado.
Que há neste silêncio escondido?
Qual dor esta mudez segreda?
Dói aos olhos uma luz acesa
Dói a dor, o triste verso dolorido.
O segredo vem em comprimidos
Em pílulas de paraíso à mão
Cabeça, ombro, coluna e pressão
Destroços de membros, quebrados, torcidos.
Só não há remédio para este mundo
Para o poeta e sua pena triste
Não escrever sua história é a dor que persiste
Não ter, não ser, nunca chegar ao fundo...
E descobrir que sua pena não alcança o papel,
Que dele ri em sua palidez horrenda
E mesmo que o irrite, magoe e ofenda,
Diz que nunca serei de minha vida o menestrel.
Papel branco.
O poeta está calado.
quinta-feira, 29 de março de 2012
FINITUDE
É sábia a natureza que a tudo põe fim
E à tristeza que acompanha, envelhece e desgasta
A cada hora, a cada passo, dentro de mim
Como construções na areia sob o vento que passa
As imagens e sombras de um rito ideal
Como um vinho encorpado que no tempo se perdeu
Sucumbem lentamente na engrenagem sepulcral
De uma repetição interminável que até as cinzas dissolveu
Pois que assim tudo encontra, enfim, sua finitude
Deixando aos que ficam e lutam, a ilusão
De encontrar, em algum veneno, a fonte da juventude
Mas a matéria desagrega e os laços se vão
Desprezando o esforço, se decompõe amiúde
Entre a ciência e a arte: vida, contradição.
E à tristeza que acompanha, envelhece e desgasta
A cada hora, a cada passo, dentro de mim
Como construções na areia sob o vento que passa
As imagens e sombras de um rito ideal
Como um vinho encorpado que no tempo se perdeu
Sucumbem lentamente na engrenagem sepulcral
De uma repetição interminável que até as cinzas dissolveu
Pois que assim tudo encontra, enfim, sua finitude
Deixando aos que ficam e lutam, a ilusão
De encontrar, em algum veneno, a fonte da juventude
Mas a matéria desagrega e os laços se vão
Desprezando o esforço, se decompõe amiúde
Entre a ciência e a arte: vida, contradição.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
NOIVO DA MORTE
Peço que apague dos meus olhos esta luz
Para que eu possa ver nitidamente
A face negra do abismo à minha frente
Aonde a escuridão, minha amiga, me conduz
Por entre as rochas, seguro em sua mão fria
E vou sendo levado, o meu corpo por inteiro
Chegando a hora, espero o toque derradeiro
Ó treva divina, lhe recebo com alegria
Mas do outro lado algo mudou minha sorte
Tendo de fugir, atravessando a eternidade
Encontrei aprisionada em uma cela forte
Uma mulher, a qual tornei minha consorte
E o beijo que me deu em sinal de intimidade
Me trouxe a revelação: fiz de minha noiva a morte!
domingo, 25 de dezembro de 2011
POESIA É ARTE
A poesia é arte
Haja o que houver
A poesia apenas é
Aqui ou em qualquer parte
A parte que me couber
No latifúndio deste coração
Não é a ideia que me toma a mão
Nem o não que o sim não quer
O que me quer mesmo é a arte
Aqui ou em qualquer parte
Na palavra ou na imagem
Na imagem ou na palavra: arte!
sábado, 3 de dezembro de 2011
PASSIONAL
Minha poesia quer me abandonar
Quer descer a ladeira desgovernada
E mesmo tropeçando nas palavras
Deseja se libertar e impedir
Que minha pena lhe coloque freio.
Se rebela e me diz que anseia,
Ela própria, pôr sua assinatura após o verso final
E levar o verdadeiro crédito
Porque me vê apenas como mera ferramenta
Que por sua vontade guia minha mão
Para levá-la à materialidade do papel.
Então, ensandecido, peguei minha poesia pelo pescoço
E coloquei-a contra a parede.
A ameacei e lhe disse liberdades as mais impublicáveis.
E, depois de tudo isso, nos amamos.
Eu e minha poesia.
Gozamos, enquanto ela já se preparava para ir embora.
Me abandonou porque sabe
Que aqui sempre estarei
A esperá-la.
Quer descer a ladeira desgovernada
E mesmo tropeçando nas palavras
Deseja se libertar e impedir
Que minha pena lhe coloque freio.
Se rebela e me diz que anseia,
Ela própria, pôr sua assinatura após o verso final
E levar o verdadeiro crédito
Porque me vê apenas como mera ferramenta
Que por sua vontade guia minha mão
Para levá-la à materialidade do papel.
Então, ensandecido, peguei minha poesia pelo pescoço
E coloquei-a contra a parede.
A ameacei e lhe disse liberdades as mais impublicáveis.
E, depois de tudo isso, nos amamos.
Eu e minha poesia.
Gozamos, enquanto ela já se preparava para ir embora.
Me abandonou porque sabe
Que aqui sempre estarei
A esperá-la.
domingo, 20 de novembro de 2011
ÍCARO E A LUA
Dos becos escuros gritam em desatino
Angústias e esperanças da juvenil revoada
Começando sua busca, uma mística jornada
Inaugurada pela arrepiante badalada d’um sino
Não existiria objetivo, não fosse ele divino
Justificando o sol que ardia em sua face
Fornecendo o calor àquele fatal desenlace
Carregando su’alma nas tristes asas do destino.
No átrio a Lua o recebe, com sua luz caridosa,
Aquele que liderou os homens, de forma corajosa,
Contra a apolínea maldição no sonho do menino:
“Seu erro foi trocar a noite, mais formosa,
Onde minhas estrelas brilham em carícia luminosa,
Pela estrela única de um deus tolo e cabotino.”
Angústias e esperanças da juvenil revoada
Começando sua busca, uma mística jornada
Inaugurada pela arrepiante badalada d’um sino
Não existiria objetivo, não fosse ele divino
Justificando o sol que ardia em sua face
Fornecendo o calor àquele fatal desenlace
Carregando su’alma nas tristes asas do destino.
No átrio a Lua o recebe, com sua luz caridosa,
Aquele que liderou os homens, de forma corajosa,
Contra a apolínea maldição no sonho do menino:
“Seu erro foi trocar a noite, mais formosa,
Onde minhas estrelas brilham em carícia luminosa,
Pela estrela única de um deus tolo e cabotino.”
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
PRENDAM O AUTOR!
Espetáculo vil que inflama a ditadura
A bandeira estrelada não pode ostentar
Nem dizer palavras que ofendam a censura
Nessa triste era para nossa cultura
Período de acontecimentos para rir ou chorar
Quando na porta do teatro um milico chegou
Esbravejando e mandando a peça parar
- O teatro não pára, disse o ator.
Irritado o milico começou a bradar:
- Pára tudo, pára tudo, prendam o autor!
- Para onde ele foi? o milico perguntou
Disse então o arauto: - ele foi pro aeroporto!
Assustado e alarmado um soldadinho gritou:
- Mobiliza o exército e a aeronáutica senhor!
Ao que responde o capitão: - quero ele vivo ou morto!
Mas o milico não se deu por satisfeito
E sob ameaça de tortura interrogou:
- Quem vai me dizer o nome do autor?
- Um tal de Sófocles é o nome do sujeito
- Ele saiu nesse instante seu doutor!
Pelo rádio o milico fechou o aeroporto
Mas o tal Sófocles não apareceu
E aquele procurado vivo ou morto
Mostrou que nosso regime ridículo e absorto
Levou nossa cultura, na Bahia, ao apogeu.
A bandeira estrelada não pode ostentar
Nem dizer palavras que ofendam a censura
Nessa triste era para nossa cultura
Período de acontecimentos para rir ou chorar
Quando na porta do teatro um milico chegou
Esbravejando e mandando a peça parar
- O teatro não pára, disse o ator.
Irritado o milico começou a bradar:
- Pára tudo, pára tudo, prendam o autor!
- Para onde ele foi? o milico perguntou
Disse então o arauto: - ele foi pro aeroporto!
Assustado e alarmado um soldadinho gritou:
- Mobiliza o exército e a aeronáutica senhor!
Ao que responde o capitão: - quero ele vivo ou morto!
Mas o milico não se deu por satisfeito
E sob ameaça de tortura interrogou:
- Quem vai me dizer o nome do autor?
- Um tal de Sófocles é o nome do sujeito
- Ele saiu nesse instante seu doutor!
Pelo rádio o milico fechou o aeroporto
Mas o tal Sófocles não apareceu
E aquele procurado vivo ou morto
Mostrou que nosso regime ridículo e absorto
Levou nossa cultura, na Bahia, ao apogeu.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
CRIME E CASTIGO
Um criminoso procura redenção
Para uma vida de completa covardia.
Por tantos crimes até ele se condenaria
E nem na eternidade encontraria salvação.
Os incontáveis atos de conduta vergonhosa
Na sordidez de nossa hipócrita existência
Não autorizam a presunção de inocência
Nem aos que pregam certa moralidade vaidosa.
Mas nenhuma solução seria mais danosa
Para uma sociedade doente e criminosa
Que a instituição de um "isento" tribunal
Para o qual não pode haver atenuantes:
Os que julgam devem ser julgados antes
E condenados sempre à pena capital!
Para uma vida de completa covardia.
Por tantos crimes até ele se condenaria
E nem na eternidade encontraria salvação.
Os incontáveis atos de conduta vergonhosa
Na sordidez de nossa hipócrita existência
Não autorizam a presunção de inocência
Nem aos que pregam certa moralidade vaidosa.
Mas nenhuma solução seria mais danosa
Para uma sociedade doente e criminosa
Que a instituição de um "isento" tribunal
Para o qual não pode haver atenuantes:
Os que julgam devem ser julgados antes
E condenados sempre à pena capital!
terça-feira, 2 de agosto de 2011
JARDIM MISTERIOSO
Adentrando novamente o jardim misterioso
Onde outrora um feitiço me havia aprisionado
Lembrei daquele livro ali abandonado
Contendo um enigma deveras assombroso
Embora seu segredo se tivesse revelado
Em um conhecimento inabalável e luminoso
A luz de sua efígie é um amuleto perigoso
Para os que, nesse jardim, só conheceram o pecado.
E apesar de conhecê-lo em seu estado glorioso
Quando por um golpe inesperado e nebuloso
Aparentemente o "Arquiteto" teria se enganado
O jardim permaneceu sombrio e majestoso
E por entre as brumas ecoou um anúncio espantoso:
"...o portão de sua entrada nunca mais será selado!"
Onde outrora um feitiço me havia aprisionado
Lembrei daquele livro ali abandonado
Contendo um enigma deveras assombroso
Embora seu segredo se tivesse revelado
Em um conhecimento inabalável e luminoso
A luz de sua efígie é um amuleto perigoso
Para os que, nesse jardim, só conheceram o pecado.
E apesar de conhecê-lo em seu estado glorioso
Quando por um golpe inesperado e nebuloso
Aparentemente o "Arquiteto" teria se enganado
O jardim permaneceu sombrio e majestoso
E por entre as brumas ecoou um anúncio espantoso:
"...o portão de sua entrada nunca mais será selado!"
sexta-feira, 22 de julho de 2011
UM SONETO BANCÁRIO-FILOSÓFICO
Um eclipse profundo em vastos horizontes
Anuncia o ocaso de uma era de martírios
Disseminando sofrimento em espasmódicos delírios
Nestas terras dominadas para além dos verdes montes
Sem limites estreitos para a brutalidade e o mal
Nossa longa jornada de antigos feitos
Se desfaz na solidão dos singulares e eleitos
Na era de ouro da irracionalidade racional
Pois que a razão se torna o algoz pungente
Desta nova ordem, da novíssima (conta) corrente
Como uma avalanche irrefreável de desumana moral
Com sua ética elástica, cunhada a ferro e fogo
Milimetricamente calculada na medida desse jogo,
De quem vende a própria alma por um cheque nominal.
Anuncia o ocaso de uma era de martírios
Disseminando sofrimento em espasmódicos delírios
Nestas terras dominadas para além dos verdes montes
Sem limites estreitos para a brutalidade e o mal
Nossa longa jornada de antigos feitos
Se desfaz na solidão dos singulares e eleitos
Na era de ouro da irracionalidade racional
Pois que a razão se torna o algoz pungente
Desta nova ordem, da novíssima (conta) corrente
Como uma avalanche irrefreável de desumana moral
Com sua ética elástica, cunhada a ferro e fogo
Milimetricamente calculada na medida desse jogo,
De quem vende a própria alma por um cheque nominal.
terça-feira, 31 de maio de 2011
VIDA DE CADELA
Interpelado por aquele olhar pedinte
De tristeza profunda e presença tão ausente
Tocou meu coração de maneira tão pungente
A miserabilidade de uma vida que beira o acinte
Me diga como pode o homem ser tão vil
Tratando a inocência cruelmente e com desprezo
Será que não se sente nessa consciência o peso
Da maldade que se faz sem precisar nenhum ardil?
Quando até a benevolência se torna rejeitada
Por um ser cuja existência é uma dádiva marcada
Pelas chagas deixadas em um corpo moribundo
É sinal que nossa alma está dilacerada
Impotente e conivente com a sociedade retardada
Que maltrata os animais e ainda quer dominar do mundo.
De tristeza profunda e presença tão ausente
Tocou meu coração de maneira tão pungente
A miserabilidade de uma vida que beira o acinte
Me diga como pode o homem ser tão vil
Tratando a inocência cruelmente e com desprezo
Será que não se sente nessa consciência o peso
Da maldade que se faz sem precisar nenhum ardil?
Quando até a benevolência se torna rejeitada
Por um ser cuja existência é uma dádiva marcada
Pelas chagas deixadas em um corpo moribundo
É sinal que nossa alma está dilacerada
Impotente e conivente com a sociedade retardada
Que maltrata os animais e ainda quer dominar do mundo.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
O VERME
Na solitude e no silêncio dessa noite fria
Quando tanta falta o teu beijo me faz
Meu desejo, que sempre foi tão voraz,
É imensamente maior do que tua insegurança previa
Se nosso "estar no mundo" parece diferente
E as tempestades vêm como vão embora
A emoção que do meu coração aflora
Sob os lençóis só avista o teu olhar ardente
Vida tão boa quando esse olhar ardia
Entrelaçando o amor com essa picardia
De saliva deslizando em tua epiderme
Por isso, para mim, não existirá martírio
Pois o que eu quero é me afogar em teu doce delírio
E quando eu morrer, o que restar, fica para o verme!
Quando tanta falta o teu beijo me faz
Meu desejo, que sempre foi tão voraz,
É imensamente maior do que tua insegurança previa
Se nosso "estar no mundo" parece diferente
E as tempestades vêm como vão embora
A emoção que do meu coração aflora
Sob os lençóis só avista o teu olhar ardente
Vida tão boa quando esse olhar ardia
Entrelaçando o amor com essa picardia
De saliva deslizando em tua epiderme
Por isso, para mim, não existirá martírio
Pois o que eu quero é me afogar em teu doce delírio
E quando eu morrer, o que restar, fica para o verme!
quarta-feira, 11 de maio de 2011
NÃO HÁ HONRA AO NORTE DO EQUADOR
Dizem que ao sul não há pecado, sim senhor!
Por causa de nossa latinidade "sem cheiro nem sabor"
Mas não invada meu quintal companheiro, por favor
Só porque não há honra ao norte do Equador.
Por causa de nossa latinidade "sem cheiro nem sabor"
Mas não invada meu quintal companheiro, por favor
Só porque não há honra ao norte do Equador.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
SARJETA
Meu coração está dilacerado
Esmagado na engrenagem deste mundo
Atirado num abismo tão profundo
Triste, vazio e abandonado.
Como pedinte mendigando atenção
Rastejando pela rua, moribundo
Meu coração, detestável vagabundo
Não tem sequer quem lhe carregue o caixão.
Rejeitado desde o nascimento
Sua vida é um eterno sofrimento
Rapsódia mal contada e desprezível
No chão frio onde tem sido sua morada
Meu coração encontra a última parada
Na sarjeta, o seu lugar, o possível.
Esmagado na engrenagem deste mundo
Atirado num abismo tão profundo
Triste, vazio e abandonado.
Como pedinte mendigando atenção
Rastejando pela rua, moribundo
Meu coração, detestável vagabundo
Não tem sequer quem lhe carregue o caixão.
Rejeitado desde o nascimento
Sua vida é um eterno sofrimento
Rapsódia mal contada e desprezível
No chão frio onde tem sido sua morada
Meu coração encontra a última parada
Na sarjeta, o seu lugar, o possível.
quinta-feira, 3 de março de 2011
A DEUSA E A VERDADE
Como fiel devoto de uma Deusa tão carnívora
Efusivamente quero orar em teu templo majestoso
E demonstrar com toda força neste ato amoroso
A fé que te entrego de maneira inequívoca
Rigidamente colocado diante do teu ofertório
Como em ritos antigos, numa úmida caverna
Ponho em ti, teu santuário, minha Deusa morna e terna
Todo meu ser que adentrando alcança teu depositório
Seu culto erigido no esplendor da criação
É a divina essência transformada em lassidão
A natureza do pecado encarnada em brancas vestes
Ó minha Deusa venerada em línguas tão antigas
Ainda hoje é amada, apesar das eras idas
Pois teu ventre é semeado de verdades incontestes.
Efusivamente quero orar em teu templo majestoso
E demonstrar com toda força neste ato amoroso
A fé que te entrego de maneira inequívoca
Rigidamente colocado diante do teu ofertório
Como em ritos antigos, numa úmida caverna
Ponho em ti, teu santuário, minha Deusa morna e terna
Todo meu ser que adentrando alcança teu depositório
Seu culto erigido no esplendor da criação
É a divina essência transformada em lassidão
A natureza do pecado encarnada em brancas vestes
Ó minha Deusa venerada em línguas tão antigas
Ainda hoje é amada, apesar das eras idas
Pois teu ventre é semeado de verdades incontestes.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
PERFEIÇÃO
Exemplo de comportamento perfeito
Referência de inteligência aguda
Refinamento e genialidade desnuda
Ausência de dúvida ou defeito
Como máquinas de uma projeção ideal
Essa prole nos enche de orgulho
Nem emitem sequer um barulho
Enquanto buscam o sentido desse mal
É nessa abundância prenhe de vazio
Que nossa indiferença deixa por um fio
Entre o coração e a mente, uma cisão
Descobrindo pelas formas mais amargas
No silêncio das frustrações sublimadas
Que a perfeição pode ser uma prisão.
Referência de inteligência aguda
Refinamento e genialidade desnuda
Ausência de dúvida ou defeito
Como máquinas de uma projeção ideal
Essa prole nos enche de orgulho
Nem emitem sequer um barulho
Enquanto buscam o sentido desse mal
É nessa abundância prenhe de vazio
Que nossa indiferença deixa por um fio
Entre o coração e a mente, uma cisão
Descobrindo pelas formas mais amargas
No silêncio das frustrações sublimadas
Que a perfeição pode ser uma prisão.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
ENSAIO SOBRE O NADA
O meu corpo é um frágil objeto
Habitado por uma "persona non grata"...
...sem destino, de origem abstrata,
É um eremita etéreo à procura de um teto
Marcado pela fragilidade humana
Incoerente, imperfeito e contraditório
Esse meu corpo é o infiel depositório
De uma dádiva, vez ou outra, sutil e mundana
Não há ponto nesse corpo em que a vastidão não cesse
O trabalho voraz que lhe toma o tempo
Fluxo vital que se perde em um momento
Toda vida passa e o Nada acontece!
Habitado por uma "persona non grata"...
...sem destino, de origem abstrata,
É um eremita etéreo à procura de um teto
Marcado pela fragilidade humana
Incoerente, imperfeito e contraditório
Esse meu corpo é o infiel depositório
De uma dádiva, vez ou outra, sutil e mundana
Não há ponto nesse corpo em que a vastidão não cesse
O trabalho voraz que lhe toma o tempo
Fluxo vital que se perde em um momento
Toda vida passa e o Nada acontece!
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
A TIRANIA DOS REIS
Ouve-se de longe o trote dos cavalos
Nas estradas por onde sua majestade impõe
Uma brutal tirania que sua vilania expõe
E os seus atos de horror - a quem caberá julgá-los?
A divina linhagem que justifica suas ações
Teria herdado de Deus terrível legitimidade
Para criar vassalos e disseminar a sua maldade
Legando o desespero a incontáveis gerações?
A opressão da realeza encontrará, com brevidade,
Quando vier das ruas o grito de liberdade,
O fim que lhe espera entre as vergonhas da história
E o trono cujo sangue não encontrará herdeiros
Desaparecerá então, quando não houver mais cativeiros
Nem heranças do passado que ofendam nossa memória.
Nas estradas por onde sua majestade impõe
Uma brutal tirania que sua vilania expõe
E os seus atos de horror - a quem caberá julgá-los?
A divina linhagem que justifica suas ações
Teria herdado de Deus terrível legitimidade
Para criar vassalos e disseminar a sua maldade
Legando o desespero a incontáveis gerações?
A opressão da realeza encontrará, com brevidade,
Quando vier das ruas o grito de liberdade,
O fim que lhe espera entre as vergonhas da história
E o trono cujo sangue não encontrará herdeiros
Desaparecerá então, quando não houver mais cativeiros
Nem heranças do passado que ofendam nossa memória.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A OPULÊNCIA DOS REIS
Túnicas elegantes em tecidos refinados
Cobrem a nobreza e sua majestade corpulenta
Em gigantescos banquetes, numa orgia suculenta
De comida e bebida, todos ficam enfartados.
Tanta opulência desfilando numa mesa de carvalho
Extraído das florestas e dos campos cultivados
Pela plebe empobrecida, camponeses explorados,
Sua lágrima, na alvorada, se confunde com o orvalho.
Ó rei que sobre a terra seu domínio alcança
Abre as portas do castelo e quebra tua rotina
Para que o povo, como tu, possa encher a pança.
Caso contrário vossa plebe, em fúria repentina,
Poderá lhe reservar a ponta de uma lança
Ou teu pescoço, jóia rara, encontrará a guilhotina!
Cobrem a nobreza e sua majestade corpulenta
Em gigantescos banquetes, numa orgia suculenta
De comida e bebida, todos ficam enfartados.
Tanta opulência desfilando numa mesa de carvalho
Extraído das florestas e dos campos cultivados
Pela plebe empobrecida, camponeses explorados,
Sua lágrima, na alvorada, se confunde com o orvalho.
Ó rei que sobre a terra seu domínio alcança
Abre as portas do castelo e quebra tua rotina
Para que o povo, como tu, possa encher a pança.
Caso contrário vossa plebe, em fúria repentina,
Poderá lhe reservar a ponta de uma lança
Ou teu pescoço, jóia rara, encontrará a guilhotina!
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
A SABEDORIA DOS REIS
Trêmulo e suando, num repente despertado,
Acordando de um sonho, um pesadelo talvez,
Num recôndito aposento misticamente revelado
Encontrava-se a fonte da sabedoria dos reis.
Qual minha surpresa ao perceber, ainda admirado
Que o segredo desvelado se dividia em três
Pois a um rei não poderia jamais faltar em seu legado
Um livro, um coração e um tabuleiro de xadrez.
Se pelas peças que movia, sua estratégia era exaltada
Encontrando na biblioteca constantemente visitada
O conhecimento pelo qual guiava uma nação
Era do povo, em verdade, sua voz apaixonada
E por ele a coroa levantava sua espada
Para morrer com toda honra e lutar sem compaixão.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
ESPÍRITO DO TEMPO
O meu tempo não pára como pararia antigamente,
Como a moderna tradição de um passado envolvente,
Sua presença na história no meu tempo não se iguala.
O meu tempo não pára como pararia aquele trem
Numa velha estação, donde meu coração vem,
Amando o que passou e do qual não mais se fala.
Em meu tempo muitos verbos se conjugam no futuro
Mas entre nossos tempos não existe estrada ou muro
Que separe o concreto, o fantástico e o real.
Eu sou dessa época a encruzilhada de dois mundos
A contradição incontornável de sentimentos tão profundos
A antítese e a síntese do particular e universal.
Encontram-se encarnados nesse tempo que não espera
Os elementos que apontam o devir de uma nova era
Envoltos na noite escura do pensamento e da razão.
Apreendo dessa vida o movimento mais constante
Desse tempo que não foi, mas está sendo a cada instante
O fim de tudo que começa, a negação da negação.
Mas o que outrora sob estrelas poderia ser negado
É a máquina de guerra desse tempo encarcerado
Nas entrelinhas do discurso de um orador eloqüente.
A rosa que lhe dou é a arma desse tempo
A magia que desperta de um passado sonolento
É o segredo do espírito que dele estava ausente.
sábado, 30 de outubro de 2010
AMOR AO MAR
Como suave navegante nosso amor chegou à costa
E encontrado a salvo o naufragado coração
Berrou às ondas e às nuvens que anseiam a imensidão
Do mar profundo onde o silêncio lhe trouxera uma resposta.
As vagas que trouxeram esse errante coração
Noutros tempos navegavam oceanos abissais
Mas as marés as conduziram a belíssimos corais
E à terra firme das estepes em total contemplação.
A leste se encontrava o meu amor tão desejado
Cruzando oceanos, onde meu mar havia sonhado,
As brancas nuvens de tua pele compõem alva harmonia
Entre a areia e o horizonte anseio teu azul profundo
Ó mar do meu amor, tua superfície é o meu mundo
A constelação que a ilumina tem em ti estrela guia.
sábado, 16 de outubro de 2010
INVERNO DE MINH’ALMA
De fora avisto um letreiro iluminado
No teatro das sombras, espetáculo desperto
D’um sono profundo, um vulto encoberto
Das cortinas anuncia: primeiro ato iniciado!
Minha alma cambaleia sob as luzes da ribalta
Ao desespero da platéia, a essa altura enfurecida
Degenerada orda, canalhada decaída
Expulsa a emoção que o meu coração assalta
Uivando repentino pela porta entreaberta
Um vento gelado no meu peito aperta
Prenunciando na aurora derradeira temporada
Eis aqui o último papel que represento
O ocaso de uma vida, canção sem andamento
O espelho de minh’alma é uma casa abandonada.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
PÁLIDOS MISTÉRIOS
Folheando as páginas de um livro encontrado
Entre o mofo e a poeira d'um jardim misterioso
Encoberto pelo musgo, um trabalho primoroso
Esplendidamente escrito e finamente ilustrado
Descobri mistérios duma profundidade alucinante
Que arrepiam a alma num tremor cabuloso
E cujos segredos nenhum iniciado ansioso
Deve revelar antes do amanhecer radiante
Triste sina de um cavaleiro errante
Neófito escravizado num sortilégio arrepiante
Na infindável noite deste volume empoeirado
Cada palavra lhe acentua uma febre delirante
O mistério ali encerrado proclama um aviso incessante:
"O poder em que se funda não deverá ser revelado!".
Poema dedicado ao grande mestre H.P.Lovecraft.
Entre o mofo e a poeira d'um jardim misterioso
Encoberto pelo musgo, um trabalho primoroso
Esplendidamente escrito e finamente ilustrado
Descobri mistérios duma profundidade alucinante
Que arrepiam a alma num tremor cabuloso
E cujos segredos nenhum iniciado ansioso
Deve revelar antes do amanhecer radiante
Triste sina de um cavaleiro errante
Neófito escravizado num sortilégio arrepiante
Na infindável noite deste volume empoeirado
Cada palavra lhe acentua uma febre delirante
O mistério ali encerrado proclama um aviso incessante:
"O poder em que se funda não deverá ser revelado!".
Poema dedicado ao grande mestre H.P.Lovecraft.
sábado, 25 de setembro de 2010
TALENTO
Forma e conteúdo não encontram harmonia
Nem métrica ou rima aqui encontrarás
Inexiste assim nesta paupérrima epifania
Belas palavras ou a genialidade que lhe apraz.
As tradições não foram postas de lado
Mas refinamento este arremedo não contém
Tal o pensamento inculto e atravessado
Deste homem do povo, o que ao douto não convém.
Não é preciso desenhar nestas linhas mal traçadas
Um diagrama para que tu consigas entender
Que a liberdade de Drummond e as bandeiras eriçadas
Proclamam a liberdade de, ao gosto, escolher.
Poesia formal ou versos brancos?
Temas polêmicos ou odes ao amor?
Formas e Idéias nos tocam aos tantos
E nem sempre o melhor consolo é a dor.
Como sei nada entender de poesia
E teu intelecto é um primor de julgamento
A mediocridade seria uma boa companhia
Se até pra ser medíocre não precisasse de talento.
Nem métrica ou rima aqui encontrarás
Inexiste assim nesta paupérrima epifania
Belas palavras ou a genialidade que lhe apraz.
As tradições não foram postas de lado
Mas refinamento este arremedo não contém
Tal o pensamento inculto e atravessado
Deste homem do povo, o que ao douto não convém.
Não é preciso desenhar nestas linhas mal traçadas
Um diagrama para que tu consigas entender
Que a liberdade de Drummond e as bandeiras eriçadas
Proclamam a liberdade de, ao gosto, escolher.
Poesia formal ou versos brancos?
Temas polêmicos ou odes ao amor?
Formas e Idéias nos tocam aos tantos
E nem sempre o melhor consolo é a dor.
Como sei nada entender de poesia
E teu intelecto é um primor de julgamento
A mediocridade seria uma boa companhia
Se até pra ser medíocre não precisasse de talento.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
UM ENCONTRO FATAL (2000)
Dois anjos negros olham-se no espelho.
Suas imagens travestem-se de várias almas.
Depois desse encontro, nenhum será o mesmo.
Agora, sua cabeça pesa como um cubo de gelo
Inerte, feroz.
Dos seus olhos nenhuma lágrima se derrama
E seu coração agora é frio como pedra.
É essa imagem que me mata:
Um encontro fatal
Um mergulho no espelho.
Que falta sinto de ti, meu vampiro.
Uma parte de mim morreu contigo.
Suas imagens travestem-se de várias almas.
Depois desse encontro, nenhum será o mesmo.
Agora, sua cabeça pesa como um cubo de gelo
Inerte, feroz.
Dos seus olhos nenhuma lágrima se derrama
E seu coração agora é frio como pedra.
É essa imagem que me mata:
Um encontro fatal
Um mergulho no espelho.
Que falta sinto de ti, meu vampiro.
Uma parte de mim morreu contigo.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
SONETUS ONIRICUS
Perdido e sozinho - sonhando estaria?
Tateando em espelhos dum labirinto simbólico
Emoções cinestésicas e um espasmo eufórico
Me lançam a dúvida: este lugar, qual seria?
Razão e realidade se perdem em entropia
E minha sanidade, já pouca, duvida da existência
Meus olhos enxergam para além da aparência?
Dormindo ou acordado escrevo estas linhas?
A caneta que me guia é uma nau a deriva
À procura de um porto ou uma alma viva
Que duvide da dúvida e me devolva a vida.
Um nevoeiro me cerca, não há porto à vista
Devo acordar ou dormir? Mesmo que Dédalo insista
Fios de ouro ou mandalas não apontam a saída.
Tateando em espelhos dum labirinto simbólico
Emoções cinestésicas e um espasmo eufórico
Me lançam a dúvida: este lugar, qual seria?
Razão e realidade se perdem em entropia
E minha sanidade, já pouca, duvida da existência
Meus olhos enxergam para além da aparência?
Dormindo ou acordado escrevo estas linhas?
A caneta que me guia é uma nau a deriva
À procura de um porto ou uma alma viva
Que duvide da dúvida e me devolva a vida.
Um nevoeiro me cerca, não há porto à vista
Devo acordar ou dormir? Mesmo que Dédalo insista
Fios de ouro ou mandalas não apontam a saída.
terça-feira, 27 de julho de 2010
SOBRE NOITES E DESISTÊNCIAS
Seria de prata o reluzente punhal
Vilmente cravado em minhas costas tão curtas
Habilmente manejado por mentes vetustas
Que em mim não encontram um feliz serviçal?
Aqueles que lado a lado, ombro a ombro,
Lutaram em busca de novos ares
Agora ocupam outros lugares
Que a eles ocupam e causam assombro.
Assombroso véu que oculta a vilania
Disfarçada de justiça, a injustiça graça
Não há democracia que esconda essa desgraça
Da vaidade torpe envolta em hipocrisia.
Não há solução que apagar faça
Da história o mal que angustia o peito
Pois a maldade herdada e o malefício feito
São como chagas no tempo de uma dor que não passa.
Não há longe um inimigo pior que o caseiro
De quem não se espera nada mais que um afago
Lágrima doída, golpe inesperado,
A ausência sentida de um "nobre cavalheiro".
Mas a tristeza cessa ao raiar do dia
E a decepção travestida de revolta aflora
Levanta-te agora homem, é hora!
A revolução não tarda - Tem em ti o guia!
As noites perdidas ficarão para trás
E a tristeza de outrora agora é poesia
A noite dos "companheiros" talvez não seja tão fria
Mas meu coração é quente e não desistirá jamais!
Vilmente cravado em minhas costas tão curtas
Habilmente manejado por mentes vetustas
Que em mim não encontram um feliz serviçal?
Aqueles que lado a lado, ombro a ombro,
Lutaram em busca de novos ares
Agora ocupam outros lugares
Que a eles ocupam e causam assombro.
Assombroso véu que oculta a vilania
Disfarçada de justiça, a injustiça graça
Não há democracia que esconda essa desgraça
Da vaidade torpe envolta em hipocrisia.
Não há solução que apagar faça
Da história o mal que angustia o peito
Pois a maldade herdada e o malefício feito
São como chagas no tempo de uma dor que não passa.
Não há longe um inimigo pior que o caseiro
De quem não se espera nada mais que um afago
Lágrima doída, golpe inesperado,
A ausência sentida de um "nobre cavalheiro".
Mas a tristeza cessa ao raiar do dia
E a decepção travestida de revolta aflora
Levanta-te agora homem, é hora!
A revolução não tarda - Tem em ti o guia!
As noites perdidas ficarão para trás
E a tristeza de outrora agora é poesia
A noite dos "companheiros" talvez não seja tão fria
Mas meu coração é quente e não desistirá jamais!
terça-feira, 29 de junho de 2010
TERRA DE NINGUÉM
Dê-me agora a parte que me toca
Desta terra fértil que te alimentas
Poucas mesas fartas e mil bocas sedentas
Pela angústia e injustiça que nos batem à porta.
As veias me saltam do braço dolorido
Que cultiva, ara e colhe teu sustento
Mas ao final do dia recebo em pagamento
Humilhação como a açoitar este lombo já sofrido.
Aquilo que Adão não lhe deixou em testamento
Tu tomas e usufrui como patrimônio seu
Mas se esta dádiva Deus nenhum lhe deu
Tu és um ladrão disfarçado e nojento.
A comida que te sobra e falta em minha mesa
Do chão que roubaste ela brota e aflora
É colhida por aqueles que tu vilmente explora
E que ainda condenas a morrer na pobreza.
A lágrima da criança de que falta o pão
Dos seus olhos vermelhos neste solo derrama
E o trabalho relegado à condição desumana
Avilta o homem, como um pai sem razão...
Em desespero não foge a mãe aos prantos
Ante à tristeza da fome que lhe ronda a vida
Reproduzindo à história uma prole desnutrida
Cujos frutos lhe foram tirados aos tantos
A tristeza do homem sem terra e sem vez
É o inverso da opulência do grileiro astuto
Que comemora a riqueza com um imenso charuto
Pois sobre os braços de outros sua fortuna se fez.
Desta terra fértil que te alimentas
Poucas mesas fartas e mil bocas sedentas
Pela angústia e injustiça que nos batem à porta.
As veias me saltam do braço dolorido
Que cultiva, ara e colhe teu sustento
Mas ao final do dia recebo em pagamento
Humilhação como a açoitar este lombo já sofrido.
Aquilo que Adão não lhe deixou em testamento
Tu tomas e usufrui como patrimônio seu
Mas se esta dádiva Deus nenhum lhe deu
Tu és um ladrão disfarçado e nojento.
A comida que te sobra e falta em minha mesa
Do chão que roubaste ela brota e aflora
É colhida por aqueles que tu vilmente explora
E que ainda condenas a morrer na pobreza.
A lágrima da criança de que falta o pão
Dos seus olhos vermelhos neste solo derrama
E o trabalho relegado à condição desumana
Avilta o homem, como um pai sem razão...
Em desespero não foge a mãe aos prantos
Ante à tristeza da fome que lhe ronda a vida
Reproduzindo à história uma prole desnutrida
Cujos frutos lhe foram tirados aos tantos
A tristeza do homem sem terra e sem vez
É o inverso da opulência do grileiro astuto
Que comemora a riqueza com um imenso charuto
Pois sobre os braços de outros sua fortuna se fez.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
CRIAÇÃO DE MUNDOS
O mundo pensado e criado
Não está pronto ou acabado.
É uma parábola estreita e esquisita
Embora possamos considerá-la infinita
Se olharmos cada lado dessa história.
E o mais estranho nisso tudo
É que em cada direção que se olha
Maior se torna a empreitada
Fazendo assim pensar se o mundo a criar
É mera função do olhar
Ou, antes de mais nada,
É uma propriedade desse humano,
Tão humano, apenas e demasiadamente.
Tragédia ou piada,
Entre o Tudo e o Nada,
O "Fiat Lux"!
Não está pronto ou acabado.
É uma parábola estreita e esquisita
Embora possamos considerá-la infinita
Se olharmos cada lado dessa história.
E o mais estranho nisso tudo
É que em cada direção que se olha
Maior se torna a empreitada
Fazendo assim pensar se o mundo a criar
É mera função do olhar
Ou, antes de mais nada,
É uma propriedade desse humano,
Tão humano, apenas e demasiadamente.
Tragédia ou piada,
Entre o Tudo e o Nada,
O "Fiat Lux"!
sábado, 17 de abril de 2010
SONETO PARA MINHA ROSA
Uma rosa apenas há no meu jardim
E da sua beleza meu amor extrai
A essência que dela nunca se esvai
E um doce aroma superior ao jasmim.
Nesse jardim não há colméia ou abelha
Mas nele delicio desta rosa o mel
Como a língua que lambe, atingindo o céu
No fogo que arde, do lamber, a centelha...
Amo em minha rosa o mel e a alvura
A volúpia sutil embebida em ternura
E esse olhar casto que espelha minh'alma
Pigmento róseo que anima a brancura
Cada pétala que toco torna ainda mais pura
A vara que cultiva e, em ti, acalma.
E da sua beleza meu amor extrai
A essência que dela nunca se esvai
E um doce aroma superior ao jasmim.
Nesse jardim não há colméia ou abelha
Mas nele delicio desta rosa o mel
Como a língua que lambe, atingindo o céu
No fogo que arde, do lamber, a centelha...
Amo em minha rosa o mel e a alvura
A volúpia sutil embebida em ternura
E esse olhar casto que espelha minh'alma
Pigmento róseo que anima a brancura
Cada pétala que toco torna ainda mais pura
A vara que cultiva e, em ti, acalma.
sexta-feira, 12 de março de 2010
DIAS E NOITES
Dias e noites, de jornadas vencidas e
Caminhos trilhados.
Retorna à casa, o viajante cansado,
Ao leito adorado,
Ao lugar encantado
Ao seio amado
Em busca do leite,
Do toque ausente,
Da canção latente,
Com o coração, ainda, quente.
Mas algo anda errado.
Leite entornado? Seio gelado?
Fantasmas brotando,
Ressuscitando o passado?
O viajante insiste,
Na casa resiste,
De alicerces sólidos
Se constrói cada passo
De um caminho único, iniciado
Num ponto diferente donde outros terminaram.
E cada estrada tem uma história
E cada história é um mundo
Admirável e novo
No qual tatuamos
A nossa vontade de ser,
Sempre e para sempre,
Singulares e eternos.
Caminhos trilhados.
Retorna à casa, o viajante cansado,
Ao leito adorado,
Ao lugar encantado
Ao seio amado
Em busca do leite,
Do toque ausente,
Da canção latente,
Com o coração, ainda, quente.
Mas algo anda errado.
Leite entornado? Seio gelado?
Fantasmas brotando,
Ressuscitando o passado?
O viajante insiste,
Na casa resiste,
De alicerces sólidos
Se constrói cada passo
De um caminho único, iniciado
Num ponto diferente donde outros terminaram.
E cada estrada tem uma história
E cada história é um mundo
Admirável e novo
No qual tatuamos
A nossa vontade de ser,
Sempre e para sempre,
Singulares e eternos.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
DECÊNCIA
Versos rimam com uma taça de vinho
Ébrio relance de casto mistério
Envolto nas sombras de um riso funéreo
A gargalhar das "verdades" às quais me avizinho.
Ó melancolia de uma taça vazia
Quão dessemelhante foste de uma íris fosca
Qual essa humanidade abjeta e tosca
Que em nada à terra de nossos ancestrais trazia.
Encha o copo, por favor, ó Lady
Que o doce aroma já nos é inebriante
Uma vela acesa e um olhar intrigante
Um cálice de tu'alma só aumenta minha sede.
Ó decência que o desejo furta
À meia luz me perco em sua vastidão
Ao Inferno adentro de lascívia então
Me perdoe, ó Céu: a noite não será curta!
Ébrio relance de casto mistério
Envolto nas sombras de um riso funéreo
A gargalhar das "verdades" às quais me avizinho.
Ó melancolia de uma taça vazia
Quão dessemelhante foste de uma íris fosca
Qual essa humanidade abjeta e tosca
Que em nada à terra de nossos ancestrais trazia.
Encha o copo, por favor, ó Lady
Que o doce aroma já nos é inebriante
Uma vela acesa e um olhar intrigante
Um cálice de tu'alma só aumenta minha sede.
Ó decência que o desejo furta
À meia luz me perco em sua vastidão
Ao Inferno adentro de lascívia então
Me perdoe, ó Céu: a noite não será curta!
sábado, 19 de dezembro de 2009
A BAHIA DOS GREGÓRIOS
Olhe o céu dessa Bahia
E diga se não me diz
Se não há neste céu uma magia
Digna de um aprendiz?
Se na Bahia a praça é do poeta
E o chão um dia foi de giz
Traçado e apagado o fiz
Pois a Bahia é uma curva, não uma reta
E longe dela não se pode ser feliz!
A terra de Gregórios e Grigórios
De Monique, Glauber e Gil
Não precisará de endinheirados Caetanos
Nem de baluartes lusitanos
Ou americanos cobiçando o Brasil.
A Bahia de régua e compasso
Da diversidade que a nós abunda
É igual à poesia que faço
Um esquadro sem marca e sem traço
Do nordeste donde o Brasil se funda.
Poema dedicado ao mais baiano dos poetas, o meu "quase" chará Gregório de Matos.
E diga se não me diz
Se não há neste céu uma magia
Digna de um aprendiz?
Se na Bahia a praça é do poeta
E o chão um dia foi de giz
Traçado e apagado o fiz
Pois a Bahia é uma curva, não uma reta
E longe dela não se pode ser feliz!
A terra de Gregórios e Grigórios
De Monique, Glauber e Gil
Não precisará de endinheirados Caetanos
Nem de baluartes lusitanos
Ou americanos cobiçando o Brasil.
A Bahia de régua e compasso
Da diversidade que a nós abunda
É igual à poesia que faço
Um esquadro sem marca e sem traço
Do nordeste donde o Brasil se funda.
Poema dedicado ao mais baiano dos poetas, o meu "quase" chará Gregório de Matos.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
PALAVRAS SÃO PALAVRAS
Ditas ao vento, coisas comuns, nada a dizer.
Armas ao vento, carregadas de ódio, sem nenhum prazer.
Como dizer, então, coisas simples, sem ofender?
Poderia eu então compreender,
Se um telefone mudo, batido na cara,
Deixa a impressão de um "nada a fazer"?
Um coração partido, lábio doído,
Sem compartilhar um "boa noite", ou noite,
Um açoite, um tapa na cara, um ruído,
Sem comunicação aparente,
Estrutura ausente,
De repente, sem repente,
Poesia sem nexo, sem sexo,
Sem noite, sem entender,
Ou compreender o que fazer,
Pra entender, como viver
Assim vivendo, tentando
Deixar a lágrima
Escorrer,
Porque preciso
Continuar amando
Amar você.
Armas ao vento, carregadas de ódio, sem nenhum prazer.
Como dizer, então, coisas simples, sem ofender?
Poderia eu então compreender,
Se um telefone mudo, batido na cara,
Deixa a impressão de um "nada a fazer"?
Um coração partido, lábio doído,
Sem compartilhar um "boa noite", ou noite,
Um açoite, um tapa na cara, um ruído,
Sem comunicação aparente,
Estrutura ausente,
De repente, sem repente,
Poesia sem nexo, sem sexo,
Sem noite, sem entender,
Ou compreender o que fazer,
Pra entender, como viver
Assim vivendo, tentando
Deixar a lágrima
Escorrer,
Porque preciso
Continuar amando
Amar você.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
ÀS ARMAS
Canhões despertam ao romper do dia
Tanques irrompem de fronteiras mornas
Portando bandeiras sem ideologia.
Corram, corram desesperados!
Cavem trincheiras sem nostalgia
Pois não há paz nos campos minados.
Não tem mais a nossa guerra fria!
O dinheiro venceu e agora patrocina
Os massacres nossos de todo dia.
Bombas atômicas custam centavos
Diante do império e de seus lacaios
Governos do mundo, armai-vos!
Tanques irrompem de fronteiras mornas
Portando bandeiras sem ideologia.
Corram, corram desesperados!
Cavem trincheiras sem nostalgia
Pois não há paz nos campos minados.
Não tem mais a nossa guerra fria!
O dinheiro venceu e agora patrocina
Os massacres nossos de todo dia.
Bombas atômicas custam centavos
Diante do império e de seus lacaios
Governos do mundo, armai-vos!
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O CAMINHO
No caminho que trilhamos pedras existem
Para lembrar as dores da longa jornada.
A chuva e o vento aos viajantes insistem
Em lembrar as lágrimas derramadas na estrada.
Monstros criados contra nós mesmos
Nos visitam e espreitam pela madrugada
No futuro ou passado, uma família a esmo?
Ariadne perseguida ou um labirinto ao nada?
Torres erigidas ao erro desconhecido
Muralhas erguidas pela sinceridade
Sincerocídios inverossímeis pela incompreensão punidos
Orgulho imolado no altar da vaidade.
Mas as pernas doem e o coração aperta
E este caminho parece o derradeiro
O cansaço, a fome, a vista deserta
As forças se vão ante o desespero.
Não há mais tempo para retornar
Ao altruísmo inocente pelo orgulho enganado
Mas se o infante no intuito durar
Talvez entenda o seu duro legado.
O sentido do caminho é caminhar
Mesmo que duras as provas à espera
Não há promessas a cumprir ou sanar
Apenas há o sentimento que do coração se apodera.
Ser si mesmo e continuar sendo
Amar quem ama e continuar amando
Viver a vida e continuar dizendo
Que o sentido de amar é continuar caminhando.
Para lembrar as dores da longa jornada.
A chuva e o vento aos viajantes insistem
Em lembrar as lágrimas derramadas na estrada.
Monstros criados contra nós mesmos
Nos visitam e espreitam pela madrugada
No futuro ou passado, uma família a esmo?
Ariadne perseguida ou um labirinto ao nada?
Torres erigidas ao erro desconhecido
Muralhas erguidas pela sinceridade
Sincerocídios inverossímeis pela incompreensão punidos
Orgulho imolado no altar da vaidade.
Mas as pernas doem e o coração aperta
E este caminho parece o derradeiro
O cansaço, a fome, a vista deserta
As forças se vão ante o desespero.
Não há mais tempo para retornar
Ao altruísmo inocente pelo orgulho enganado
Mas se o infante no intuito durar
Talvez entenda o seu duro legado.
O sentido do caminho é caminhar
Mesmo que duras as provas à espera
Não há promessas a cumprir ou sanar
Apenas há o sentimento que do coração se apodera.
Ser si mesmo e continuar sendo
Amar quem ama e continuar amando
Viver a vida e continuar dizendo
Que o sentido de amar é continuar caminhando.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
MORTALHA
Se achas que te agride a roupa que visto
Não agrido a ti, mas a tua insegurança
E a hipocrisia da sociedade sem esperança
Que ainda resiste à liberdade que conquisto.
Não posso interpretar o papel que me relegas
A santidade aparente e a falsidade casta
A casa e a cozinha, nem a maternidade basta
Pois vivo para gozar o direito que me negas.
Mesmo acuada num canto escuro da sala
Me manterei de pé ante o pelotão
Prefiro o fuzilamento à moderna escravidão
Sendo a serviçal que, ao teu desejo, cala.
Santa na rua e puta na cama?
Não encobrirei o que esconde a tua moral
Minha mortalha é um manifesto liberal
Que a inveja alheia e o embrutecimento inflama!
Não agrido a ti, mas a tua insegurança
E a hipocrisia da sociedade sem esperança
Que ainda resiste à liberdade que conquisto.
Não posso interpretar o papel que me relegas
A santidade aparente e a falsidade casta
A casa e a cozinha, nem a maternidade basta
Pois vivo para gozar o direito que me negas.
Mesmo acuada num canto escuro da sala
Me manterei de pé ante o pelotão
Prefiro o fuzilamento à moderna escravidão
Sendo a serviçal que, ao teu desejo, cala.
Santa na rua e puta na cama?
Não encobrirei o que esconde a tua moral
Minha mortalha é um manifesto liberal
Que a inveja alheia e o embrutecimento inflama!
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